Monday, October 29, 2007

A ESCOLA COMO FACTOR DE DISCRIMINAÇÃO SOCIAL

A Democracia, ao apregoar que a todos devem ser dadas à partida iguais possibilidades, favorecendo assim a chamada capilaridade social, está hoje a conduzir-nos a uma maior discriminação : quem nasceu pobre, tem como normal destino ficar pobre e inculto para toda a vida.
A discriminação quem a estabelece é a Escola, que começa a ser pública só para os filhos dos que vivem nos bairros degradados ou no interior pobre, e já hoje é privada para os filhos dos ricos, se calhar com prevalência dos que se dizem de Esquerda.
Curiosamente, é da Direita que vem o grito de alarme : é o próprio Paulo Portas que se insurge contra o facilitismo e a mediocridade que reinam hoje na Escola Pública e que dela afastam naturalmente todos os que o podem fazer.
É este o verdadeiro desafio com que o país hoje se confronta e que exige realismo e não devaneios de falso esquerdismo.

Friday, October 26, 2007

A VISITA DE PUTIN

Vi na televisão a cerimónia da chegada.
Chamou-me a atenção a ternura com que Putin, numa manifestação espontânea, afagou o cavalo de um soldado da G.N.R. que lhe fazia a guarda de honra.
O resto – a ida aos Jerónimos, banquete e hoje a cerimónia no mosteiro mastodôntico de Mafra – é uma cópia pálida do que faziam os Czares em bons velhos tempos.

Tuesday, October 23, 2007

A GREVE DOS PILOTOS DA TAP

Ouvi hoje que a adesão foi de 100%, que é o que sempre acontece quando a greve a fazem os estratos sociais mais favorecidos, para quem a falta de ordenado de uns dias de greve não causa engulhos e não há o perigo da perda de emprego.
Não sabemos – ninguém o diz – se esta greve é justa : se a reforma aos 65 anos, estabelecida como principio geral, deve sofrer aqui uma excepção, se é este ou outro o regime estabelecido para os pilotos nas empresas de aviação estrangeiras.
Certo é : o pesado ónus da greve suportam-no no imediato os passageiros , que hoje são normalmente de origem modesta e suporta-o no fim do ano o país no seu conjunto, quando se acertarem as contas do Orçamento do Estado.
O direito à greve é um principio indiscutível num Estado de Direito.
Mas já são discutíveis – e a comunicação social tem obrigação de o fazer – as greves justas e as injustas, porque é por aí que se pode exercer a pressão social no sentido de eliminar as greves injustas, que, essas sim, são ofensivas dos trabalhadores.

Monday, October 22, 2007

A ENTREVISTA DO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA

Não usa a linguagem do “politicamente correcto”.
Não sabe – e não o diz por ingenuidade – se o seu telemóvel está sob escuta. Poderia acrescentar que também não sabe se há uma câmara oculta no seu gabinete, tal como aconteceu com o seu antecessor.
Explicação : o Ministério Público vive desde há muito em roda-livre, com feudos autónomos, em vez de devidamente hierarquizado e a Policia Judiciária não sofre o controlo efectivo por parte do Ministério Público, situação esta que ninguém altera por si e em curto período.
O Professor Marcelo, com uma ligeireza que começa a cansar-nos, diz que a culpa é só dele, que funciona como o empresário que atribui aos seus subordinados , quando a devia atribuir a si próprio, a culpa pela indisciplina na empresa,
E logo uma chusma de Deputados, à falta de assuntos mais sérios, insistem em que o Procurador deve ir à Assembleia explicar-lhes o que claramente disse na entrevista.
Não seria a altura de o poder político – Governo e Assembleia – proceder a uma reforma drástica no Ministério Público, que é isso o que o Procurador Geral da República sugere na tão falada entrevista ?

Wednesday, October 10, 2007

OS SINDICATOS E AS MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS

Entendo – era dos poucos que já o afirmava antes do 25 de Abril – que os Sindicatos têm um papel fundamental na defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores, sobretudo dos mais desfavorecidos e dos que nem sequer têm emprego.
Choca-me ver os Sindicatos a alinhar na defesa dos estratos mais injustamente favorecidos da Administração Pública, esquecidos dos que realmente precisam de protecção.
Não entendo que continuem a ser eles a defender o que é estranho à sua função sindical, como, por exemplo, as alterações legislativas, sobre as quais o papel de defesa ou repúdio das mesmas cabe antes aos órgãos das respectivas judicaturas.
Mas, sobretudo, não me parece curial que o papel dos Sindicatos acabe por se reduzir a isto : convocar umas dúzias de sindicalizados e pô-los a lançar impropérios e assobios ao primeiro-ministro nas inaugurações em que ele, por esse país fora, está presente.
É bom que não nos esqueçamos : esses sindicalistas que passeiam pelo país atrás do primeiro-ministro são pagos por nós, contribuintes, e não é seguramente para isso que lhes pagamos os ordenados.
Demais, as manifestações públicas são relevantes – de extrema relevância política – quando, em raros momentos, correspondem a uma revolta generalizada das populações; convocadas a propósito de tudo e de nada só favorecem quem pretendem desprestigiar.
Os Sindicatos ainda não perceberam que o 25 de Abril foi há mais de 30 anos – pertence à geração anterior.

Thursday, October 4, 2007

A ELEIÇÃO DE MENEZES

Os “sulistas e elitistas” que se preparam para lhe fazer a vida negra não são os “barões” do Partido.
Porque esses já estão todos bem instalados na vida e são-lhes hoje indiferentes as voltas que a vida política dá.
Aliás, os chamados “barões” já olharam com indiferença para esta eleição partidária, a qual se travou antes num escalão inferior : nas secções disseminadas pelo país, que são a fonte de um pequeno, mas relevante poder : a conquista das Juntas de Freguesia, das Câmaras Municipais e até dos apetecíveis lugares de Deputados.
E essa conquista faz-se muitas vezes, sem que ninguém dê por isso, através do presidente de uma insignificante secção, que junta à sua volta os familiares e amigos, inscrevendo-os na vida partidária e pagando-lhes, se necessário, as insignificantes cotizações, desta forma adquirindo um poder que, somado ao dos que dirigem secções idênticas, dá mesmo para escolher um primeiro-ministro do país (20.000 votos chegam para esse efeito).
Os “sulistas e elitistas” que vão procurar travar a caminhada encetada por Menezes estão em Lisboa, nas redacções dos jornais e televisões, e preparam-se para lhe fazer o mesmo que fizeram a Fernando Gomes.
Vão vasculhar-lhe a vida privada até ao último pormenor, vão deslindar até à minúcia a sua actuação na Câmara de Gaia e vão, quanto a cada uma das suas posições políticas, confrontá-las com anteriores atitudes. Vão, em suma, tentar fazer-nos a demonstração de que só Lisboa pode ser a fonte do Poder.
A luta que se avizinha não é ideológica, nem minimamente, mas entre pessoas e grupos que os acompanham.