Friday, July 11, 2008

O ESTADO DA NAÇÃO

Vi o debate, repetido à noite na televisão.
Não se debateu nada, não se apontou nenhuma meta para tentar vencer a crise.
O que cada interlocutor procurou foi confundir o adversário e obter mais palmas num concurso de vacuidades.
Eu estava a vê-los e estava a pensar : o país terá algo a ver com este espectáculo ?
O país atravesse de novo (não será essa a nossa postura normal como povo ?) uma fase de depressão e de falta de confiança no futuro – é o que nos diz toda a gente de todos os sectores etários e de todos os estratos sociais, sem excepção.
Felizmente, começamos agora a ter Oposição (digo-o eu, que ainda neste momento voto no Partido Socialista).
Isso basta para que as anunciadas obras faraónicas já não sejam possíveis sem a ponderação dos seus custos e benefícios, sem o seu necessário escalonamento, sem uma rigorosa selecção.
Mas a Oposição tem de ir mais longe : terá de dizer claramente quais são as obras públicas necessárias ao desenvolvimento do país e qual é o rumo diferente que o país deve seguir para vencer a crise em que estamos mergulhados.
É assim, com uma alternativa clara, que a Democracia deve funcionar.
É talvez por aí, que não pelas palavras, que o optimismo pode regressar.

Wednesday, July 9, 2008

A JUSTIÇA NO MUNDO DO FUTEBOL

Eu já fui Conselheiro, antecessor dos actuais, há 40 anos ou talvez antes.
Lembro-me até de que a aceitação de um nome suscitou reservas, porque era hostil ao Regime (como se as lides futebolísticas tivessem algo a ver com política).
Decidíamos os casos relativos a jogos, jogadores, dirigentes desportivos e clubes com inteira preocupação de objectividade, com total isenção, nunca nos esquecendo de que o nosso papel era o de juizes a actuar em bloco, sem deixar trazer para o exterior qualquer divergência, sempre resolvidas pelas regras legais da maioria.
Li agora nos jornais o que se passou com o acórdão relativo ao F.C. do Porto e ao Boavista e não o entendi porque está fora do mundo do Direito que me ensinaram. Vi que todos os Conselheiros eram advogados e senti-me envergonhado como colega. Por uma questão de decência não deveria a ordem dos Advogados impedir que os seus membros colaborem nesta fantochada da Justiça Desportiva ?

Thursday, July 3, 2008

SERÃO OS MEUS NETOS A PAGAR ESTAS OBRAS PÚBLICAS ?

É uma caterva de obras públicas com custos astronómicos. E é certo que não vamos ser nós a pagá-las : vão pagá-las sempre os meus netos, daqui a vinte ou trinta anos, quer os investimentos sejam a cargo do Governo ou de particulares.
Um exemplo que nos dá para pensar : quantos milhões de euros vai custar o TGV de Lisboa-Porto, que nos reduz em um quarto de hora ou meia-hora a viagem, que custos tem e o que significa para efeito e crescimento económico ?
Um outro exemplo sugestivo : as anunciadas obras na zona ribeirinha de Lisboa, com piscinas e ondas artificiais (!), a realizar por uma Câmara que está falida e que nem sequer consegue pagar os fornecimentos em dívida. Como é possível este devaneio.
Se há uma fase em que os investimentos públicos devam ser ponderados com mais rigor é exactamente esta de dificuldade económica.
É altura de nos perguntarmos quais são nesta fase as obras públicas prioritárias, fazendo tábua rasa dos projectos gizados em épocas em que sonhávamos com a abundância, pensando melhor se é por outra via que não a das auto-estradas, que já são mais do que na maioria dos países europeus, que se conseguirá o almejado crescimento económico.
Mas tentar vencer a crise à custa dos nossos netos é que não me parece que seja legítimo fazê-lo.