Thursday, October 16, 2008

A NOSSA CRISE

Ouvi e li o que dizem os economistas – tidos como os especialistas da matéria – e fiquei baralhado: sem saber como começou e como vai acabar a crise, sem saber se este capitalismo foi definitivamente abalado ou se vai ressurgir mais forte.
Mas houve um artigo que me chamou a atenção : a crise só afecta as economias mais prósperas e é irrelevante quanto às chamadas economias tidas como emergentes (como são, por exemplo, os casos do Brasil e da China).
Se isto é exacto, o nosso atraso torna-nos imunes a esta famosa crise.
Até com esta vantagem : se de fora deixarem de nos emprestar em cada dia 40 milhões de euros – é quanto os nossos Bancos pedem no exterior em cada dia -, deixamos de sonhar com obras faraónicas e passaremos a tratar de coisas comezinhas, como a agricultura e a pesca, como as pequenas e médias empresas, que é por aí que damos emprego aos jovens e fazemos a sua integração social.
Ontem, houve um facto positivo: a nossa selecção de futebol não conseguiu vencer 10 futebolistas da pobre Albânia, os quais, em conjunto, ganham menos do que cada um dos nossos jogadores. Depois disto, ainda haverá quem sugira que Portugal se deve abalançar a organizar um campeonato mundial de futebol ?

Friday, October 3, 2008

LIBERDADE DE VOTO DOS DEPUTADOS

Sobre o casamento dos homossexuais que vai agora ser debatido na Assembleia da República : o P.S. impõe que se vote contra, em obediência ao que disse o primeiro-ministro ; o P.S.D. deu liberdade de voto, o que também não significa nada, porque em bloco os deputados deste partido não vão ter a ousadia de desobedecer à Drª Manuela Ferreira Leite.
Mas mais curiosa é a posição do P.C.P. : vota a favor – vota contra a maioria -, sendo essa a única mudança de rumo que lhe conheço nos últimos trinta anos.
É isto a partidocracia : os deputados não são eleitos por ninguém – são escolhidos pelas cúpulas partidárias -, não tem que dar satisfação a ninguém, senão a esses dirigentes partidários, que lhes repetem ou não os mandatos conforme obedecem ou não a quem os escolheu.
Aceito perfeitamente a disciplina de voto quando está em causa a sobrevivência do Governo do partido, o que sucede na aprovação do Orçamento Geral do Estado ou numa moção de confiança.
Nunca aceitei – e pratiquei-o – que a função de deputado seja exercida a levantar o dedo quando o chefe da bancada o levanta ou a bater palmas quando ele bate.
Mas a independência de atitudes é um luxo, que fica caro; não garante a continuação na vida política, nem sequer garante posteriormente um lugar chorudo numa empresa pública.
Quando é que os políticos entenderão o que é a dignidade da função ?