Thursday, February 21, 2008

OS DONOS DO PAÍS

O caminho é simples : eu dou 50.000 contos em moeda antiga ao partido que manda e, em contrapartida, esse partido dá-me obras públicas que significam milhões de contos.
Pode acontecer – aconteceu desta vez, como caso único – que eu tenha de pagar uma indemnização simbólica, mas continua a valer a pena. De resto, nem fico impedido de me juntar aos gestores que se consideram de topo para indicar aos ignaros políticos qual o caminho a seguir, nessas reuniões a que a comunicação social dá o devido relevo, sob a égide “Compromisso Portugal.
Antes, tínhamos dado um casino de milhões de contos, faltando apurar a quem se deve essa generosa dádiva.
Antes ainda, tínhamos sido surpreendidos pelos gestores bancários também de topo, cuja moralidade estava garantida pela “Opus Dei”, os quais violaram todas as regras a que se deve submeter a actividade bancária, mas que, mesmo assim, entenderam merecer cada um uma reforma de quase três milhões de contos, extorquida aos pequenos accionistas e com a complacência do Estado, que não cobra impostos onde os deve cobrar.
Lembro-me de o Prof. Vitorino Magalhães Godinho ter dito um dia que durante todo o século XIX Portugal fora propriedade de 3.000 famílias.
Agora, em democracia, suponho que são menos os que em Lisboa são donos do país.
Falta ao Governo de Sócrates fazer esta verdadeira reforma. Se ele não é capaz de a fazer e se não temos Justiça senão para o “Apito Dourado” (mesmo aqui, tê-la-emos ?), ainda nos sobra o Presidente da República, que é para isso que lá está.
O que não devemos é perder a esperança de um dia sermos um país europeu.

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