Monday, February 4, 2008

AO QUE CHEGAMOS

Li no “Público” que o Primeiro Ministro declarou na Assembleia da República exercer a função de deputado em exclusividade, o que lhe permitiu receber a mais 20 ou 30 contos por mês.
Na altura, eu terei sido dos poucos deputados que não invoquei a exclusividade, porque tinha o meu escritório de advocacia a funcionar – pouco mais que simbolicamente, é certo – e se calhar porque entendi também que esse acréscimo de tostões não alterava a escassa remuneração que recebia então.
Ao vasculhar a vida de Sócrates, descobriu o “Público” que durante esse período assinou um ou outro projecto de obras, não se sabendo se gratuitamente ou sendo pago, se tal por lei era proibido ou não. Mas tanto bastou para que o jornal titulasse em primeira página que Sócrates tinha faltado ao compromisso assumido quanto à exclusividade.
Quando um jornal de referência chega a este ponto percebe-se que na opinião pública todos os políticos sejam por igual considerados desonestos e que por isso as pessoas decentes de cada vez mais se afastem de cargos políticos.

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