Thursday, September 11, 2008

O CRIME VIOLENTO

Li hoje no jornais que aquele indivíduo que numa Esquadra da Policia do Algarve despejou meia dúzia de tiros num outro que contra ele pretendia apresentar queixa não foi submetido a prisão preventiva pelo juiz que o ouviu.
Não sei as razões por que foi mandado em liberdade, mas o crime cometido – tentativa de homicídio – era passível de prisão preventiva.
Atitudes como esta por parte de juizes significam, objectivamente : a desmotivação da polícia, que vê posto em liberdade quem dá tiros mesmo dentro das suas instalações, pondo em risco a vida dos próprios policias; a motivação e o alento dado aos criminosos, que verificam que despejar uma arma de fogo sobre outro ser humano não é um facto grave, a merecer punição severa.
Vejo na Televisão com um encolher de ombros sucessivos debates, em que apregoados especialistas nos dizem como é que há-de ser travada a luta contra esta onde de crimes – e depois de cada debate o crime aparece multiplicado, para gáudio da comunicação social, que encontra aí notícias fáceis para nos entreter.
Horroriza-me que os partidos da Oposição façam deste tema sensível matéria de lucro partidário, como se a polícia que temos, a investigação que temos ou os magistrados que temos tivessem sido fabricados por Sócrates.
Esta onda de crime combate-se sem histeria, de cabeça fria. E só terá êxito se os criminosos perderem a sensação de impunidade – hoje parece que assaltar uma bomba ou um banco é um facto comezinho, de realização fácil, normalmente sem consequências, tido até como heróico por certa comunicação social.
Mas se a policia começar a prender os assaltantes – e hoje já há um maior êxito neste campo –, se a Televisão der às prisões o mesmo relevo que dá aos assaltos (embora aquelas sejam menos relevantes do que estes como notícia), se a investigação criminal for mais eficiente e, sobretudo, se os julgamentos e condenações não forem remetidos para as “calendas gregas” – estará encontrado, como todos sabemos, o caminho da luta eficaz contra o crime.
O agravamento das penas ou a prisão preventiva a rodos não resolvem problema nenhum.
Servem apenas para uma certa Direita travar a sua luta política.
E, depois, temos que meter na cabeça : as sociedades modernas são mais perigosas do que o mundo rural.
Mas eu lembro-me sempre de que há mais de 50 anos, quando na província iniciei a carreira como agente do Ministério Público, tive de debater-me num curto prazo com três crimes de homicídio (à sacholada e por causa das águas, que era essa a luta na altura). Só que estes homicídios não eram notícia dos jornais, é como se não existissem e as pessoas viviam assim em tranquilidade.

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