Monday, September 8, 2008

UMA “RENTREE” MORNA

Depois de ver os aviões às cambalhotas – não percebo que para isto se gastem milhões – vi, por vício, parte do discurso do secretário-geral do P.C.P. e do apregoado discurso de Manuela Ferreira Leite.
O discurso desta comentou-o aquele invocando o refrão : “Tudo como dantes , quartel general de Abrantes”. O que me fez sorrir, vindo o comentário de quem diz o mesmo há mais de trinta anos, desde o tempo do saudoso Estaline.
Manuela Ferreira Leite inaugurou um estilo político a que não estávamos habituados : fala pouco, não diz frases bombásticas, não tem pose de actriz, é por natureza modesta, desagrada à partida à comunicação social, que fica sem material para nos entreter e que sempre morreu de amores pelo estilo Santana Lopes, que sempre endeuseu, considerando-o um comunicador e um orador notável (tão notável que colocou o P.S.D. nas vascas da agonia).
Mas com o seu silêncio, a que já chamam o vazio político, desagradará por igual a quem vota no P.S.D. e que dos políticos em geral tem uma imagem negativa e que dos discursos políticos nem sequer quer ouvir falar ?
O sucesso eleitoral do P.S.D., como é habitual, dependerá sobretudo do insucesso governativo do P.S., mas para o sucesso daquele será também necessária a unificação do partido, a mobilização dos militantes, o aparecimento no topo de figuras capazes de inspirar confiança, o estremar das diferenças com o P.S. – tarefas mais relevantes do que a de debitar banalidades todos os dias na comunicação social.
Que haja um P.S.D. forte, capaz de ser alternativa válida, interessa-nos a todos, mesmo àqueles que, como eu, não lhe darão possivelmente o seu voto.
Mas as obrigações do P.S.D. não se limitam à preparação das eleições daqui a um ano. Cabe-lhe, como principal partido da Oposição, a obrigação de se pronunciar sobre cada medida concreta relevante do Governo, propondo alternativas e fomentando um debate profícuo, o que manifestamente não foi feito durante estes três anos, com prejuízo para o Governo e sobretudo para o país.

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