Monday, November 24, 2008

AS REFORMAS EM DEMOCRACIA

São mais difíceis do que em Ditadura. Requerem maior coragem e maior determinação e obrigam a um prévio esforço de tentar convencer os grupos atingidos nos seus privilégios pelas reformas da necessidade de as fazer. Convencê-los a eles e sobretudo o país.
Mas isto não significa que a reforma do ensino não se possa fazer sem a colaboração dos professores ou que a reforma da saúde implique do mesmo modo a prévia adesão dos médicos e enfermeiros.
É o que erradamente dizem os professores encartados de Democracia : que não há reforma possível sem a colaboração dos sectores atingidos pela reforma; e que quando se tenta vencer este obstáculo se está a agir autoritariamente, em desrespeito pelos princípios democráticos.
Mas são esses princípios democráticos – é o programa de Governo sufragado por milhões de votantes – que justificam que as reformas necessárias não sejam remetidas para as “calendas gregas”.
Só que se impõe uma paciência e uma abertura que não são exigíveis em Ditadura. Há que aceitar o diálogo, há que aceitar greves e manifestações de rua e estar atento ao que possam significar de reivindicações justas, há que pacientemente receber insultos e prestar-se a ser atingido pelos ovos. Há ainda que convencer o país da justeza das reformas, porque se esse convencimento for eficaz não estão perdidos votos, mas aumentados.
Tudo isto significa que é sempre possível fazer reformas em Democracia, sem necessidade de em hiato de Ditadura, como sugere Manuela Ferreira Leite, a tentar fazer ironia.

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