Monday, January 28, 2008

A C O R R U P Ç Ã O

Antes, dizia o que muitos diziam, mas ninguém o ouvia.
Agora, revestido do cargo de Bastonário da Ordem dos Advogados, tem o direito de ser ouvido pela Procuradoria da República e pelos Deputados.
À Procuradoria da República é legítimo que pergunte o que é feito de milhentos processos instaurados à sombra da corrupção, cujo desfecho não há maneira de chegar ao público.
Aos Deputados pode perguntar-lhes que medidas legislativas estão na calha no sentido de sairmos da cauda da Europa em matéria da corrupção ou de algo que se lhe assemelha.
Um exemplo : um ministro negociou o estatuto de uma empresa relevante, aceitou cláusulas que parecem prejudicar o Estado e a seguir, saindo do Governo, passa a ser ele a gerir essa empresa. Situações como esta são de manter ou as malhas da lei vão finalmente impedi-lo ?
Um outro exemplo : um outro ministro regressa à Caixa Geral de Depósitos, passa aí uns escassos anos como administrador, reforma-se aos 50 anos com uma reforma de mais de 3.000 contos por mês e vai trabalhar noutro sitio. Que hão-de pensar os milhões de reformados deste país de situações como esta ?
Um último exemplo : meia dúzia de administradores do Banco Comercial Português reformaram-se o ano passado e essas reformas significaram, por si, um prejuízo para os accionistas de 70 milhões de euros (foram pagos na razão inversa da competência que demonstraram).
Não será possível que a lei defenda os pequenos accionistas da desvergonha dos administradores ? Não terá o Estado a obrigação de, através dos impostos, limitar esta desvergonha ?
Este Governo é socialista. À sua sombra agravam-se as desigualdades. É por aí que vai cair.

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