Friday, June 27, 2008

O MEU MINISTRO DA AGRICULTURA

Teve um desabafo e disse que os dirigentes da C.A.P. eram da Direita e Extrema-Direita. Eu, que não sou Ministro, é que posso pensar e dizer que a C.A.P. sempre funcionou ao serviço dos grandes lavradores do Ribatejo e Alentejo e que não é por acaso que tem o patrocínio do C.D.S. .
Mas um ministro não o pode dizer, tem de obedecer ao estatuto do “politicamente correcto”. Em contrapartida, já a C.A.P. o pode tratar com o maior desprezo e chamar-lhe as vezes que quiser mentiroso, sem se sujeitar a quaisquer consequências, porque está a exercer a liberdade de expressão e a actuar em nome dos superiores interesses da Lavoura.
Eu, lavrador, fui tratado da mesma maneira por este e pelos anteriores ministros do sector, que dos milhões recebidos de Bruxelas destinaram tostões para o Norte do país.
E continuo sem perceber a excepção que somos : em todos os países europeus os terrenos aráveis são cultivados ao milímetro, enquanto nós os votamos ao abandono, como se ricos fossemos nós e não eles.
Se calhar, a explicação deste fenómeno aberrante é simples : entre nós os produtos alimentares sobem no consumidor enquanto descem no produtor. Explica-se assim que eu cultive maçãs arrostando com factores de produção – tractor, gasóleo, electricidade, pesticidas, adubos – mais caros do que ali na vizinha Espanha, que venda maçãs de qualidade a 25 cêntimos o quilo e as veja à venda nos supermercados a 1,50 € . Ou que os pescadores assistam a idêntica e imoral subida de preços do peixe que pescam pondo a vida em risco, ganhando mais vendendo-o ali em Vigo do que aqui na lota de Matosinhos e recebendo em compensação gasóleo mais barato.
Os países desenvolvidos também nos ensinam isto : a atenção à Agricultura é factor fundamental do desenvolvimento.

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